quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre videogames e narrativa (ou "Minha falta de simpatia por jogos de mundo aberto")

Não sou necessariamente um connaisseur extremo de videogames, apesar de alguns consoles estarem presentes na minha infância e atual adultescência, porém, pretendo falar um pouco da minha vivência com jogos aqui, bem como a importância de uma história e narrativa coerentes dentro do que eu encaro como"bom" .

Como a maioria dos jovens da minha idade, comecei com consoles, alguma parca experiência com um Atari herdado de um primo e posteriormente,  um Master System daqueles "portáteis", que até hoje não sei bem que fim levou, mas boa parte de minhas tardes eram movidas à sessões de Sonic. Nunca fui menino desses de ir pra rua, jogar bola/quebrar vidraça/fazer merda.
 

Era uma época mais simples, como obviamente o vídeo demonstra, bem como a experiência proporcionada pelo jogo, que era extremamente eficaz e divertia horrores. Isso tudo sem um pingo da "liberdade"
encontrada na maioria dos games de hoje. Mal havia espaço no cartucho pra desenvolver um enredo, dependendo basicamente de manuais pra contar a história.

Meu segundo console "sério", foi um SNES, a jogatina consistia basicamente em Beat'em Ups clássicos como Final Fight e Streets Of Rage, com trocentos coleguinhas da vizinhança alternando controles freneticamente na base do "morreu-passou", campeonatos intermináveis de Super Street Fighter II, Samurai Shodown (vitória eterna ao conseguir desarmar o adversário), adaptações horrendas de International Superstar Soccer com dublagem em portunhol, caracterizando a época mais "sociável" dos meus hábitos gameiros.

O tempo foi passando, a tecnologia avançando, antigos colegas de nerdismo se afastando, fui um dos poucos que chegou na adolescência ainda entusiasmado com novos consoles e jogos. Diria que o auge da coisa toda se deu com a chegada do meu Playstation (PSX), modelo tijolão, quando nem se falava em controle DualShock ou SixAxis, nem mesmo RUMBLE PAK.

Smells like tardes e noites sem nem abrir a porta do quarto
Boa parte das minhas definições de "bom jogo" vieram desses tempos, bem como algumas das memórias mais queridas, afinal, tinha tempo de sobra pra jogar o tempo que quisesse e tudo que é jogo ao meu alcance. Mas, obviamente, alguns marcaram mais. Caso de clássicos da Squaresoft como Final Fantasy VII e Parasite Eve, este último, com destaque maior.


Foi meu primeiro contato com um jogo que caracterizava-se como "cinematográfico", aliás, era um dos motes por trás da promoção do mesmo, costumeiro ver em revistas da época o gênero de P.E listado como "Cinematic Action RPG", com um climão e enredos voltados exatamente pra isso, uma história que envolvia e despertava simpatia ou até mesmo uma sensação de desconforto legítima em alguns momentos.

E aí creio ter sido meu turning point, percebi que gostava das narrativas, das histórias que cada jogo tinha, do desenvolvimento de seus personagens, recursos indisponíveis na época dos velhos cartuchos, à não ser na forma de saudosos manuais, que ao contrário dos folhetins sem graça atuais, continham bem mais do que apenas os comandos de um jogo.

Muda tudo. Vêm o Dreamcast, vêm o PS2, vêm o primeiro XBOX. Surge o primeiro GTA em 3D, que te permite fazer "tudo", roubar carros, atropelar, atirar, matar e assim por diante. A indústria fica obcecada com a idéia de criar mundos virtuais e assim, nasce uma tendência. O enredo, adaptado à forma de jogar de cada um, se torna só um detalhe.

Na minha cabeça, é exatamente esse o problema com mundos abertos ou liberdade demais, como encontramos em boa parte dos jogos de PS3 ou XBOX 360 atuais, muito espaço e você perde o foco. A história se esvai, o que acaba importando é até onde pode ir, o que pode fazer, quantos inimigos pode matar ou quantidades absurdas de item à recolher.

Vejam bem, não condeno a adição de mundos e fundos sem-fim dentro de um só game, muito menos deixo de reconhecer os méritos dos bons títulos que possuem exatamente estes elementos que cito, caso de jogos como Fable, GTA IV ou Mass Effect. Mas a o propósito de contar uma história vai pro saco, o que torna tudo tedioso pra mim.

Há jogos e jogos, não pensem que só curto jogos extremamente profundos e elaborados, também aprecio minha parte de ação imbecil e descerebrada, mas creio que games são uma forma relativamente nova de se contarem boas histórias, sob uma nova perspectiva e uma plataforma decididamente aberta para experimentações e afins. É o tipo de coisa que merece ser estimulada, entende?

Felizmente, a discussão sobre games x arte x linguagem continua fervilhando e  a tendência de alguns desenvolvedores é explorar esse nicho, mais especificamente produtoras pequenas/independentes, responsáveis por produções menos preocupadas com cenários enormes ou gráficos elaborados e focada mais em sensações, situação que se reflete até mesmo nos portais de conteúdo em flash, através de jogos como Depict1 ou Loved.

O mesmo vêm acontecendo com alguns lançamentos recentes, caso de Limbo, exclusivo para XBOX 360, misturando gêneros de plataforma e puzzle, em gráficos monocromáticos, efeito sonoros mínimos e dificuldade acentuada. Vale citar Flower, por sua vez, título exclusivo do PS3, em que a subjetividade comanda tudo, não há textos ou diálogos, apenas dicas sutis de como jogar, nem mesmo o conceito de ganhar ou perder se faz presente, se valendo de outros elementos como música e cores para estruturar sua narrativa.

Limbo (XBOX 360)


Flower (PS3)



Resta saber como mercado atual receberá as coisas, tenho impressão que jogos como os últimos que citei atingem uma parcela bem menor de público, notadamente gente mais velha e ligada em outras coisas que não "infinitas possibilidades" ou seja lá o que for, mas atrás de algo com certo significado e importância ao invés de mundos gigantescos em tamanho, porém vazios de conteúdo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Origem (Inception, 2010)


Um bafafá legítimo foi criado em torno de A Origem, como pôde ser verificado em blogs, tumblrs e até alguns memes pela rede, comparações com Matrix surgiram, notadamente por conta da equação "ficção científica + ação" apresentada aqui e também pelos paralelos entre consciência/mundo real. Devo dizer que estou sinceramente inclinado à gostar mais do filme de Nolan do que o já envelhecido e combalido Matrix, dos Wachowski.

Se o diretor já tinha certo street cred por conta da sua bem-resolvida abordagem da franquia Batman, é com Inception que Nolan mostra à que veio, com seus efeitos, enredo e sequências mirabolantes e possivelmente confusos, não permitindo afastar os olhos da projeção sequer um segundo.

A trama do longa baseia-se na vida de Dom Cobbs (em mais uma boa interpretação de DiCaprio), um Extrator, um profissional especializado em extrair informações do subsconciente de outros indivíduos. Falar muito mais sobre o enredo seria mancada, já que a graça toda é ver a trama se desenrolando.

O que precisa ser dito é que as coisas se complicam quando Cobb é contratado para fazer o processo contrário, o de implantar um pensamento, uma idéia, na mente do herdeiro de um império executivo. O início do filme têm seu próprio brilho, o bom-gosto no uso de efeitos impressiona e justifica os custos de produção da película, mas é nos momentos finais que o filme realmente surpreende.

Passando por momentos de pura "viagem" sci-fi, um quê de dramalhão, toques de comédia e momentos dignos de filmes de ação, incluindo aí perseguições em ruas apertadas, tiroteios na neve e algumas piadas e frases-de-efeito bem colocadas, Inception consegue prender a atenção, e mais importante, manter a tensão ao longo de seus 148 minutos.

DiCaprio, porém, não leva o filme nas costas, destaco também a boa atuação de Joseph Gordon-Levitt, como braço-direito de Cobb, surpreende e convence, inclusive compensando pela bunda-molice em filmes como 500 dias com Ela.

ps: Já no final, depois de tanto sobre sonho dentro de sonho, confusão mental, subconsciente, limbo, etc e tal, é impossível não ficar com o trecho final de Lifebooks, do Death In June, na cabeça. Parece que o David Tibet vai pular na tua frente.

it's a dream, wake up, it's a dream, it's a dream...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Relato velho, porém digno (surrealismo feelings)

Há tempos já enrolo pra contar essa história aqui e aproveitando o embalo do post anterior, resolvi compartilhar o causo no blog, já que, apesar de curta, é uma situação que definitivamente merece ao menos alguma forma de registro, já que GRAVAR o ocorrido era impossível.

Já fazem alguns meses que aconteceu, logo, posso muito bem deixar alguns detalhes de fora, mãs...

Era sábado, altas horas da madruga, eu e patroa voltávamos de algum lugar e passamos pela loja de conveniência ali perto de casa, pra comprar uma água ou qualquer outra coisa besta/trivial dessas. Como toda loja em final-de-semana, serve de POINT pra bêbados, desocupados e afins.

Eis que eu e a digníssima adentramos na loja, um cidadão visivelmente BREACO, de capacete na mão e mulher-barriguda-de-meia-idade ao lado, exclama: "BLACK METAL!!!" e vêm se aproximando deste que vos fala. Desnecessário dizer que a patroa já tinha se escafedido pr'um outro canto, enquanto o selvagem da motocicleta chegava cada vez mais perto e eu entendia cada vez menos o que ele falava.

Costumeiramente, quando estranhos me abordam, eu levo numa boa, até respondo os comentários sem-sentido, coisa e tal, sou educadinho. E o bicho continuava me intimando, citando nomes de bandas, perguntou se eu curtia um Raul, de Raul o papo passou pra THELEMA, até que finalmente a mulher do cara foi lá puxá-lo pelo braço, esculhambando-o horrores, enquanto eu, visivelmente EMBASBACADO pela situação toda, tentava fingir que porra nenhuma tinha acontecido.

O porém, é que momentos antes de pegar sua lata de Skol e dar o fora, o rapaz reúne forças e num gesto do que só posso encarar como tentativa de estabelecer amizade, grita "VALEU AE CARA, SOU BRUXO TAMBÉM, BELEZA?"

Me faltam palavras pra DESCREVER o que senti na hora. Vergonha de si e alheia misturavam-se numa confusão só, foi meu cabelo? Foi a barba de mendigo? Foi a simples camiseta preta?

NUNCA SABEREI. Talvez seja melhor assim.

Taste test - Star4u Drink HANNAH MONTANA

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Nunca é demais enfatizar, mas se você quer conquistar minha confiança e amizade eternas, me traga algum refrigerante bizarro de qualquer viagem que você fez. 

Sempre peço isso de todos meus amigos/familiares e até hoje só DUAS PESSOAS me realizaram o sonho de tomar bebidas de além dos meus limites geográficos, meu querido amigo/vizinho/metaleiro de plantão Fábio Kowalski, que me trouxe um MATE-COURO adquirido durante sua estada em Delfinópolis e Daniel Silva, companheiro de trocentos outros projetos, que após uma turnê um tanto quanto extensa pelo Velho Mundo,  me retorna com uma curiosa garrafa VERDE-TÓCHICO.

Obviamente, fiquei feliz pra cacete, afinal, não é todo dia que tu tens a oportunidade de experimentar um refri ALEMÃO, cerveja, vá lá, hoje dá pra encontrar em qualquer bar/empório e pagando um preço correto. Agora refri, jamé, é bem mais complicado, logo, tenho uma relação bem mais especial com o DRINQUE.

Abro um parêntese agora, devo relatar que sempre que vejo alguma garrafa de algo diferente, acabo comprando, por impulso, curiosidade e pela bizarra experiência que pode me ser proporcionada, logo, desde água levemente gaseificada CLARAMENTE CANADENSE até CARREFOUR COLA já passaram pelo meu crivo. 

Dito isso, nada poderia me preparar para experiência quase transcendental de dar um GOLÃO na garrafinha de STAR4U DRINK HANNAH MONTANA - FRESH MINT.

Em poucas palavras: uma bizarra combinação de Schweppes (tônica) com creme dental Kolynos, quiçá, SORRISO. Não entendo como raios pretendem vender isso pra crianças, não tem pingo nenhum de açúcar, se todos os produtos germânicos voltados ao público infantil forem desse jeito, começo à entender o porquê da ASCENSÃO DO NAZISMO.

Deixo de presente pra vocês, esta bela foto:

 

ps: Pelo que eu pude entender do rótulo, havia uma promoção que poderia me assegurar um AUTÓGRAFO EXCLUSIVO da Hannah.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tirando a poeira (ou RANDOM RANT do mês)

Normalmente posto aqui quando acontece alguma coisa FORA-DO-COMUM que prenda minha atenção brutalmente ou algum CAUSO digno de mênção.

Ultimamente a vida anda meio tediosa, parte do meu tempo livre eu ando usando pra jogar Castlevania (pra PSX, joguem, se nunca jogaram) ou então me ocupo com qualquer outra porcaria no trabalho. Por sinal, o post de hoje é motivado pelo meu digníssimo ganha-pão. Não, nada tão bombástico como da vez em que ganhei um cd do Padre Fábio de Melo ou quando minha chefa insinuou que eu era ateu, PORÉM, de bom coração.

Tive que ir ao banco. Sim, ok, nada demais, um breve pulinho ali, pagar um boleto e tal e coisa, esperar lá uns vinte minutos e estaria livre. Mas nada é tão simples, né verdâdi? Não só a fila se prostrava maior do que o normal, como em míseros TRINTA MINUTOS de permanência, pude presenciar a chegada de nada mais nada menos do que SEIS MULHERES DE BIGODE. Façam as contas, é um bigode pra cada cinco minutos.

O detalhe mais sórdido é que das seis bigodudas avistadas, apenas uma era idosa, logo, isenta da preocupação de TIRAR ESTA MERDA DA CARA. Nunca mais quero ir no Itaú.

Enquanto nada de mais relevante acontece, deixo aqui um gif para entretê-los: